Cenário: Benfica, paragem do 46. Regresso ao quartel-general depois de uma visita a uma escola... vejo no painel que faltam 10 minutos para o autocarro 46 chegar. Dirijo-me à paragem, em busca de alternativas para chegar ao destino mais rapidamente. Um senhor de 70 anos mete conversa.
- Para onde é que quer ir, menina?
- Vou para a Baixa...
- Ah, então tem de apanhar o 46...
- Eu sei, obrigada, estava só a ver se havia mais algum autocarro que fosse para aqueles lados...
- Não, tem de apanhar o 46!!
- Err... sim, está bem, obrigada... (Nesta altura suspeito que se não apanhar o 46 me vou arrepender e, quando passa o 58 para o Cais do Sodré deixo, tranquilamente, o autocarro passar). - O senhor também vai apanhar o 46?
- Ah, não, eu moro aqui.
(Pergunto-me o que está, então, a fazer sentado na pagarem de autocarro. Interessante...)
- Eu moro aqui há muitos anos... A menina estuda?
- Não, já estudei. Já trabalho há uns anitos.
- Ah, e tirou um curso superior?
- Foi, de Comunicação... Mas isto está muito difícil.
- Pois está. As únicas áreas em que está fácil são a Medicina e a Informática. Olhe, o meu filho é médico...
(Hum... onde é que esta conversa me vai levar? Mas o autocarro não chega?)
- É casado com uma professora. Tinha ficado muito triste se ele tivesse casado com uma rapariga que não fosse licenciada...
(Nisto, outro senhor mete-se na conversa...)
- Pois olhe que eu conheço um médico cirurgião que casou com uma peixeira! E estão casados há uns 10 anos...
(Chega o 46, finalmente...)
- Olhe, já aí vem o autocarro. Boa tarde, então. Até à próxima...
- Muitas felicidades, menina. Gosto em conhecê-la. E olhe... veja lá se arranja namoro com jeito...
- Errr...
- Veja lá... Não arranje nenhum pé descalço!