Não. Não é difícil encontrar malmequeres brancos. Difícil é saber gostar deles. Difícil é preservá-los e conseguir retirar da sua simplicidade toda a beleza e poesia que contêm.
Chamaram-me, um dia, Laurita dos Malmequeres. Longe está o local de vidas apagadas. Longe estão as palavras e as respirações. Longe estão. Nuvens voam desenfreadas por cima de mim. O verde repousa sob o meu corpo. Flores vivem. Murcham. Secam. Morrem. Sob o meu corpo. Asfixiadas entre páginas de livros e cadernos. Resistem à memória entre letras e juras de eternidade desfolhadas.
Há malmequeres, sempre. Não é difícil, sabes? Na minha pele há malmequeres todo o ano. Que eu sou flor do campo com sabor a chuva e cheiro a terra molhada. Há malmequeres, sempre. Levada pelo vento quando cai um suspiro na aspereza do ser.
Laurita dos Malmequeres, menina em voltas e rodopios de infância eternas. Saltita de pedra em pedra, de flor em flor. Mergulha o nariz nos dias amenos e aspira toda a essência da ventania. Mulher, deita-se na relva, funde-se com o solo, as ervas, as flores, as cores. Sente-se parte do respirar da terra. Numa contradança de corpos etéreos e desejos terrenos. Saltita de pedra em pedra. Morre de flor em flor.
Malmequer
Bem me quer
MUITO
pouco
nada
Porque sempre houve e haverá alguém que vai desfolhar um malmequer, numa determinada altura da sua vida, para perceber se o outro lhe quer bem ou mal; porque haverá sempre desconfiança, porque sempre haverá quem não perceba que amar também é duvidar...
Se puderes dá um salto ao puro. Obrigada por me pores a pensar...
Quando era pequeno (mais pequeno), fazia o "bem me quer, mal me quer" até à exaustão, até que acertasse algumas vezes seguidas no "bem me quer"...tenho saudades...
Também não comia uma maçã sem rodar o pauzinho da mesma dizendo o alfabeto e tentado acertar na letra da pessoa amada...coisas que se perdem...