No enleado dos lençóis
Um corpo suado
Fala-me das luas e dos sóis.
O rosto cansado morre
Ao ler cada pedaço de pele
Que morde, louco pela fome.
Um som distante pede quietude.
Mas o rasgar da carne grita
E ecoa nas paredes, perdido.
Sofrido.
Não há música nesta cama.
Há dois corpos suados.
Zangados.
Que entram numa contradança
Cruel e vertiginosa.
Gulosa.
Entram um no outro sem emoção.
Autómatos do sexo
Fodem para fugir do que não conhecem.
Das paranóias
Que os enlouquecem.
Aqui não há salvação.
Há o doce aroma da sedução
Estilhaçado
Pelo sabor dormente
Do orgasmo salgado.
Lá fora, a noite cai, desamparada.
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