Escrevo para me lembrar de mim, das imagens cruas que me atormentam.
Escrevo para me esquecer da vida. Enquanto as palavras escorregam pelos dedos, já não sei a minha face nem o meu cheiro. E a cada letra que escrevo tudo é, ainda, tão nítido. Quero inventar verbos de dor, mas cada um parece pouco para descrever este lume. Quero falar do sublime, mas as chagas abertas recordam-me sempre a podridão. A carne maltratada e as emoções violadas. Escrevo para me reinventar, mas sempre acabo por me dizer mentiras. Em busca de um colo, de um consolo vão. E nos momentos de maior lucidez, escorro por mim e deixo-me cair, abandonada, no chão. A justiça é sempre tão ambígua. Eu sou sempre tão ambígua. E daí, poderá ser apenas um momento de fraqueza. E ninguém me apanha. Voo. Até encontrar a minha queda.
tindersticks? os tindersticks?
Não caias...
sim, os tindersticks... ouvi-los propicia a queda.
Queremos esquecer a vida mas a vida teima em não se esquecer de nós
If you’re looking for a way out
I won’t stand in your way
If you’re looking for a way out
Don’t stop at the tears that I’m crying
They’ll only make you wanna stay
Don’t kiss me again cos I’m trying
To keep you from running away
Estou a ouvir Virgin Prunes, a rudeza da música lembra-me sempre que a vida não é mais que cacos
macaso: se tu soubesses como por vezes a letra dessa música mente...
ebola: a vida não é mais do que cacos. sim, tens toda a razão. Somos nós que fazemos a vida em cacos, ou ela já nos foi dada assim, em estilhaços? gosto de voltar a ver-te. mesmo.
Eu sei...
Não, não sabes. Vamos ficar por aqui. Este não é o lexotan, é apenas um resquício, porque hoje chove.
Uma vez disse-te que vir aqui era um bom lugar para pensar alto. Nem sempre estou a falar de ti, mas de mim, de mim através do que escreves. Pensei que fosse esse o desejo. Aqui também chove. Não percebo...
sou eu.
a chuva também tem as suas vantagens, uma delas será a reminiscência da maresia e o cheiro a algas.
vai rodar seaweed.
cumprimentos.
Bolas, para ti deve ser o dia dos comentários idioto-maxistas... desculpa aquele tipo no Festim Nu... nunca sei se apago, mas custa-me cortar a palavra, sobretudo porque não gosto de moralismos. Mas não gosto quando entra na fronteira do ofensivo.
Fica bem.
Propostas de fim-de-semana:
Hoje às 23 no Mercado Legendary Tiger Man;
Amanhã às 23 na ZDB, Free_Geometry_Sessions (não conheço, um projecto de um amigo).
Festim nu: Não cortes a palavra, nunca. As palavras dizem muito de quem as escreve, pelo menos, é o que eu sinto. Quem escolhe ser ofensivo não merece muito respeito, mas merece que as palavras revelem o vazio de inteligência que pretendem esconder. Isto poderá parecer pedante da minha parte, mas enfim...
Olá
Há alturas em que a música dos Tindersticks é tudo.
Melancolia, blá, blá, blá...
Um beijo,
M.M.
Deixei-te um mail...
Gostei de encontrar este cantinho.
Cá voltarei.
SilverTree
www.gang-nocturno.blogspot.com
Não sei... estava a ler-te e lembrei-me de I Heart Huckabees... sim, a minha mente é um lugar estranho...
"The woods are hopeless. Don't waste your time, they will be destroyed. So will the marsh. It is a losing game mankind has played for more than a century. Sadness is what you are, do not deny it. The universe is a lonely place, a painful place. This is what we can share between us, period."
e ainda:
"It is inevitable to be drawn back into human drama."
Acho que vou ver o filme hoje, bem estou a precisar.