Hoje a chuva inquieta lavou-nos as lágrimas que chorámos por ti. Tinhas 23 anos. Tinhas um sorriso. Hoje tiveste-nos junto a ti pela pior razão. E pela última vez. Hoje percebi que ser adulta é isto mesmo. É perder uma amiga, é enterrar alguém com apenas 23 anos, é planear visitar-te para acompanhar a tua recuperação, é sentir o distanciamento egoísta quando me dizem que morreste, é chorar compulsivamente e aceitar um consolo, é amanhã ir trabalhar e não estares na tua mesa, não porque estás a recuperar do segundo avc, mas porque morreste. E não vais voltar. E nenhum de nós pôde dizer-te tudo o que queria antes de ires. Apanhaste-nos de surpresa. E eu ia ver-te esta semana, como prometi. Mas já não posso. E isso dói. O céu chorou por ti, hoje de manhã.