Era noite lá fora. As noites eram já mais curtas e quentes. Por isso, Anita dormia nua. Com o corpo esguio em repouso, via a luz que vinha da outra divisão lamber-lhe suavemente os contornos das ancas. Virou o rosto para ficar na sombra e estendeu o braço em direcção aos livros que se acumulavam na mesa de cabeceira. Longe iam os sonhos de infância. Na cama, os risos despreocupados estavam asfixiados pelas lágrimas. Tirou um livro da pilha de histórias que lera há muitos anos. A capa, de cartão, estava maltratada pelo passar dos anos e pelas muitas viagens de um lado para o outro. Sentada na cama, Anita começou a ler, passando a mão pelos desenhos de outras eras. Parou e respirou fundo. Procurou com o olhar o maço de marlboro e o isqueiro e deu uma longa baforada. O fumo subiu em arabescos, envolto nas luzes ténues. Passou mais uma página, outra e outra, enquanto consumia lentamente o cigarro.
Um rosto, um corpo assomou à porta. Em contra-luz, a voz respirou:
- Anita?...
- Sim...
- Quero fazer amor contigo.
Anita pousou o livro. Apagou a beata no cinzeiro ainda vazio e olhou-o frontalmente. Estendeu-lhe a mão e aguardou pelas histórias reais que o corpo dele contava.
*resposta a um desafio (ver post abaixo)
:)
Não pude conter uma gargalhada.
Desculpa lá, mas tem que ser
...e na minha opinião, sem estragar a magia dos livros da Anita :-)
katraponga: então? por causa da imagem? :)
jctp: ora... eu é que não consegui conter uma gargalhada aqui, lol
rspiff: não era suposto estragar ;)
excelente texto (se me é permitida a apreciação). desafio ganho, com distinção! :) nuno
Não foi por causa da imagem, foi porque vi o o asterisco e fui espreitar o post abaixo. Gostei da atitude! :)