Fumou tranquilamente o último cigarro enquanto ele se vestia. Estava atrasado. Como sempre. Como todos os finais de tarde em que se arrastavam emocionalmente pelos lençóis. De pé, ele vestiu as calças, apertou o cinto. passou a mão pela t-shirt, para tirar os vincos. Ela era um vinco mais difícil de sacudir. Viciara-se no corpo dela. Ali, na cama, a olhá-lo, de cigarro na mão, despida depois do sexo, cansada depois das palavras e prazeres irreflectidos. Na respiração incontrolada do orgasmo as unhas cravadas no ombro deixaram marca. E ela, ficava ali, enquanto ele, virado para a parede, calçava os sapatos. Não lhe apetecia vestir-se. Ir-se embora. De facto, não precisava de se ir embora. Ele sim. Tinha sempre de ir embora. E já estava atrasado. Tinha outro corpo à espera. Outra pele para lamber. Outros seios para admirar. Outras pernas para o apertarem em brincadeiras e jogos lascivos. Apagou a beata e deixou-se ficar. Não tinha mais cigarros. Ele olhou-a, deu-lhe um beijo na boca e saiu, depois telefono-te, não sei quando nos podemos voltar a ver. A porta fechou-se e ela não disse nada. Ficou sentada a desfiar no pensamento as razões. Não as dele. Apenas as dela.
O ciciar tépido da brisa roçava levemente no seu braço esquerdo. O sol fazia intermitências de luz na cortina que oscilava e lá fora, no pátio, ouvia-se uma criança a rir. Por cima do ombro viu a primavera passar, sorrateira, e pela primeira vez naquele dia sorriu.
[normalmente, quando te leio, fico com vontade de o fazer também...]
Escrever, queria dizer!
katraponga: eu percebi :) de qq forma, tb não vem mal ao mundo se, ao leres-me, ficares com vontade de fazer outras coisas, lol. gostei do teu texto. beijo
:)
Beijoca
alice?
tem tudo a ver com o espelho
naked: tudo neste blog tem a ver com espelhos...
... não é fácil...