se me pedisses um poema


E-mail this post



Queres que eu me lembres de ti?(?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...





Viajo até ao fim da linha
Onde as palavras são rasgadas
Atiradas à parede. Onde a vontade definha.
Vou até ao fim, com as mãos cheias de nadas.
A meio fica o poema, ficam os passos
Que o sentido é mais profundo, mais doce
Ao sonhar com os teus abraços.
Pela margem do rio vou, a desejar que o rio fosse
O sublime solvente da redenção.
Pois que no fim da linha, na verdade
Apenas lágrimas e sombras de então,
Das noites em que devorei a saudade.
Não vou até ao fim da linha. Não nestas águas.
Será assim que te digo
Que na outra margem das mágoas
Resta o olhar da esperança, do desejo de rimar contigo.


10 reacções a “se me pedisses um poema”

  1. Anonymous Anónimo 

    palavras apaixonadas

  2. Anonymous Anónimo 

    sim, são palavras apaixonadas, como todas as palavras que aqui escrevo. mas somente inspiradas, pois a paixão não mora neste corpo há muito tempo, infelizmente. a vida sem paixão é podre.

  3. Anonymous Anónimo 

    a propósito de paixão e poemas:

    Já conheço os passos dessa estrada
    Sei que não vai dar em nada
    Seus segredos sei de cór
    Já conheço as pedras do caminho
    E sei também que ali sozinho
    Eu vou ficar, tanto pior
    O que é que eu posso contra o encanto
    Desse amor que eu nego tanto
    Evito tanto
    E que no entanto
    Volta sempre a enfeitiçar
    Com seus mesmos tristes velhos fatos
    Que num álbum de retrato
    Eu teimo em colecionar

    Lá vou eu de novo como um tolo
    Procurar o desconsolo
    Que cansei de conhecer
    Novos dias tristes, noites claras
    Versos, cartas, minha cara
    Ainda volto a lhe escrever
    Pra lhe dizer que isso é pecado
    Eu trago o peito tão marcado
    De lembranças do passado
    E você sabe a razão
    Vou colecionar mais um soneto
    Outro retrato em branco e preto
    A maltratar meu coração

    Tom Jobim

  4. Anonymous Anónimo 

    obrigada, lisboeta. é lindo :)

  5. Anonymous Anónimo 

    Se eu soubesse escrever poemas não ia até ao fim da linha. Não me rasgava neste pouco que parece quase nada. Não me maltratava numa vida indecente e sem ambições sublimes, sequer banais. Não me sentia a delirar em cada palavra que escrevo, como quem esconde um segredo impossível de revelar. Se eu soubesse escrever poemas não ia até ao fim da linha. Não me deixava enganar por esta inundação de palavras. Escondia as máscaras e as invenções. Não me envolvia em artifícios nem ouvia vozes imaginárias. Seria só eu, despido de tudo o mais, despido até de mim, se tanto fosse possível. Se eu soubesse escrever poemas não estaria para aqui a arrastar palavras até ao fim da linha como quem procura o grito do mar no silêncio do rio.

  6. Anonymous Anónimo 

    Música para as palavras lisboetas do Tom Jobim.

  7. Anonymous Anónimo 

    sugiro também a versão cantada por Elis Regina no álbum «Elis & Tom».

  8. Anonymous Anónimo 

    já te disse...gosto de te ver escrever assim...

  9. Anonymous Anónimo 

    jctp: obrigada. palavras belas, como sempre.

    rspiff: mas nem sempre é fácil, sabes disso.

  10. Anonymous Anónimo 

    A paixão que deixas em cada palavra vem de ti, transborda de ti para o papel, para o teclado, não digas que não a tens em ti.

palavras soltas

      Convert to boldConvert to italicConvert to link