poema teu


0 comentários

No enleado dos lençóis

Um corpo suado

Fala-me das luas e dos sóis.

O rosto cansado morre

Ao ler cada pedaço de pele

Que morde, louco pela fome.

Um som distante pede quietude.

Mas o rasgar da carne grita

E ecoa nas paredes, perdido.

Sofrido.

Não há música nesta cama.

Há dois corpos suados.

Zangados.

Que entram numa contradança

Cruel e vertiginosa.

Gulosa.

Entram um no outro sem emoção.

Autómatos do sexo

Fodem para fugir do que não conhecem.

Das paranóias

Que os enlouquecem.

Aqui não há salvação.

Há o doce aroma da sedução

Estilhaçado

Pelo sabor dormente

Do orgasmo salgado.

Lá fora, a noite cai, desamparada.



A chuva escorre por ti

Adentro.

Na noite, choves contra mim

Sacias-me.

Dás-me o alimento

Que o peito aberto recebe

E encerra.

Tu e eu

Os vermes

Que resistem na terra.

Há limoeiros nos olhos

De quem sonhas.

Dos meus pesadelos

Pouco sabes.

Da menina que dança

Perdida em rendas e folhos.

Que cheira a dias de Verão

Molhados pela chuva repentina

E a limão.