De ver teias de aranha em contra-luz
Pela manhã, finas, simples e frágeis
Como um tecido delicado que ao toque seduz.
Como uma malha de amor cruel
Que nasce de artimanhas e ágeis
Intenções.
Choro.
Com a chuva da manhã
Que traz o cheiro a terra e a pó
Das tardes de Estio agrestes.
Que me lembra o que é estar só
Tecendo sonhos com mãos de artesã.
Penso.
Mas nuvens feitas de nós
Que passam, vazias, pelo azul
Dos meus olhos transparentes.
E nas entranhas despidas pulsam
As emoções de vidas anteriores
De quando éramos inocentes.
Sinto-me.
Mas não sei de mim.
Consome-me.
Como quem fuma um cigarro
e deixa o fumo entranhar-se na pele.
Arrepia-me.
Deixa os teus lábios sugar o que de mais puro em mim há.
Sua. Geme.
Com os olhos postos no vazio
que existe em ti.
Deixa-te cair.
É um jogo perigoso, este,
o do outro lado do espelho,
onde vivemos às avessas
tu és eu
e eu sou tu.
Eternamente.
Por escadas sem princípio nem fim.
Seremos loucos
ou apenas humanos?
Algo seremos,
de forma passageira,
mas cravados nas entranhas
dos momentos solitários.
Pairamos, na confusão do ser.
Caída num céu azul, feito de sonhos e sementes,
e árvores, cresce, sorridente,
germina por entre as memórias
de tempos idos
e cheiros perdidos.
Na verdejante vida por descobrir
salta por entre sebes e desperta
para o iluminado do dia.
Na fantasia.