Há caminhos que se fazem mais rapidamente que outros.
Gosto das paisagens urbanas, sim, e depois? A cidade vicia. A degradação. os vidros partidos. A sujidade das ruas. Gosto, sim. As pessoas decadentes e os cães a condizer. As ruínas, o abandono.
Não há só nuvens e céu azul. Não há só paz e verde. Há uma paisagem mais humana e dolorosa que todas as outras, que sangra, que ecoa pelos meus braços.
Gosto da decadência.
Da mulher velha e mal-cheirosa que dorme na arcada no meio de sacos. Do maluco que estende a mão e lava os dentes na poça de água.
Percorro-vos, delicio-me na vossa miséria.
Gosto dos caminhos que ninguém faz por medo. Dos malucos sentados a rir das formigas, sufocados no seu próprio cuspo.
Gosto de paredes a escorrer solidão.
Dos putos perdidos de olhar vazio. Da tristeza dos passos que, dia após dia, vão ficando para trás.
Gosto da demência.
Das putas de cabelo descolorado e decotes indiscretos. Dos taxistas libidinosos com erecções escondidas.
Há encontros reflectidos na podridão dos degraus.
Há uma cidade vagabunda que seduz.
De uma beleza crua e doentia.
Domina-me.
Gosto das paisagens urbanas, sim, e depois? A cidade vicia. A degradação. os vidros partidos. A sujidade das ruas. Gosto, sim. As pessoas decadentes e os cães a condizer. As ruínas, o abandono.
Não há só nuvens e céu azul. Não há só paz e verde. Há uma paisagem mais humana e dolorosa que todas as outras, que sangra, que ecoa pelos meus braços.
Gosto da decadência.
Da mulher velha e mal-cheirosa que dorme na arcada no meio de sacos. Do maluco que estende a mão e lava os dentes na poça de água.
Percorro-vos, delicio-me na vossa miséria.
Gosto dos caminhos que ninguém faz por medo. Dos malucos sentados a rir das formigas, sufocados no seu próprio cuspo.
Gosto de paredes a escorrer solidão.
Dos putos perdidos de olhar vazio. Da tristeza dos passos que, dia após dia, vão ficando para trás.
Gosto da demência.
Das putas de cabelo descolorado e decotes indiscretos. Dos taxistas libidinosos com erecções escondidas.
Há encontros reflectidos na podridão dos degraus.
Há uma cidade vagabunda que seduz.
De uma beleza crua e doentia.
Domina-me.
10 reacções a “caminhadas”
palavras soltas
- Todos os textos e fotos de broa quente, excepto indicação em contrário.
forno
gamela
passaram pelo fornosons para levedar
- Cd Go
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seara
em cozedura
Boas. Nota-se que moras em Lisboa, só quem mora aí é que repara e descreve esta paisagem.
Seria impossível eu escrever o que escreveste. Eu prefiro a cidade limpa, com cores e paisagens alegres e pessoas a condizer. Prefiro percorrer a cidade ao pôr-do-sol, quando esta é mais calma e a luz reflecte a serenidade de mais um dia que chega ao fim.
Ou então prefiro sair de manhã bem cedo e entrar na montanha, com os seus sons e paisagens características. Onde passo o dia sem gentes e o tempo passa com mais calma que nunca.
Cada um tem os seus gostos e depois?
tambem a amo
Viva o Fado!
Fónix...
Sabias palavras do comentador anterior...
"Gosto da decadência." ;)*
AG: nasci e vivi no campo até há apenas alguns anos. mas gosto muito das paisagens urbanas. consigo gostar das duas de igual forma :) mas tens razão. cada um tem os seus gostos. e depois?
indigente: :)
ascoroso: viva! e a sardinha, tb...
ebola: o pior é qdo a decadência gosta de nós. ;) beijos.
...preenche
essa lisboa também me pulsa nas veias.
está fantástica a tua descrição
o que descreves é a minha varanda...
Profundamente urbana, de uma Lisboa antiga e de uma Lisboa Velha, como se nota em todo o blog que rapidamente folheei e que rapidamente me conquistou. O trajecto fisico das ruas da cidade que percorro, nem sempre imundas, nem sempre podres, mas carregadas sempre do peso da passagem do tempo, dos anos, das pessoas e das vidas que ali se derramam, é algo que sempre me seduz... Vou voltar...